Para inaugurar o primeiro Baú MA estava na escolha entre vários de nossos textos antigos, publicados entre 2005 e 2006, na primeira versão do MídiAtiva. E encontrei exatamente o que estava procurando.
Esses dias a nossa querida editora Simone comentou que estava passando Elizabethtown na TV, um dos filmes na lista dos preferidos de muita gente, inclusive a nossa. E, em homenagem a essa lembrança querida, publico aqui uma resenha que a própria Simone fez para o MídiAtiva de 2005/2006.
** Baú MA - Esta seção contém textos publicados originalmente no MídiAtiva entre 2005 e 2006. **
Sobre Clairetown
Como poderia descrever Tudo Acontece em Elizabethtown, sem elogiar o homem que faz a melhor junção entre roteiro e trilha-sonora do cinema nowadays? Tá certo que o novo filme de Cameron Crowe não é uma mistura de Alta Fidelidade com Antes do Pôr do Sol, como, pretenciosamente, imaginei. Mas é um pouco disso e por esse motivo já vale a pena ser visto.
A história entre o designer de sapatos Drew Baylor (Orlando Bloom) e a aeromoça Claire Colburn (Kirsten Dunst) é até previsível demais. Ele está perdido e ela tem uma saída. Mas é aí que mora a graça da coisa toda. Primeiro porque Kirsten, para variar, arrasa no papel de Claire.
É que a moçoila faz uma espécie de Rob Fleming/Amelie Poulain/ Clementine (essa última de Brilho Eterno de Uma mente sem Lembrança), na história. Ou seja, uma criatura doce, cheia de boas referências e ao mesmo tempo louca e engraçada. Tudo na medida certa. "Hard to remember, but impossible to forget", como ela mesmo se define. É impossível não gostar de Claire!
E é exatamente quando ela e a e a cidadezinha do Kentucky entram na vida do triste Drew (aquele que perdeu emprego, namorada e pai, tudo ao mesmo tempo) que o filme mostra a que veio. Tudo Acontece em Elizabethtown é cheio de referências interessantes. Música, cinema, história norte-americana, etc. Bem a cara dos filmes de Crowe. Referências fáceis de se encontrar em cenas como na que o casal se encontra para ver o sol nascer (momento Learning to fly, de Tom Petty) depois de terem passado a noite inteira "se conhecendo por telefone" (momento Come Pick Me Up, de Ryan Adams).
Ou, na que ela entrega a Drew o "mapa básico" da viagem de volta para casa, que na verdade significa o desfecho "On The Road-Alta Fidelidade" do filme. Só assistindo para saber o que isso significa. Uma das melhores seqüências do cinema de Cameron Crowe, aliás.
Susan Saradon também agrada como a viúva Baylor e chega a emocionar ao homenagear o marido falecido com um número de sapateado. Outras participações pequenas, mas importantes, como a de Alec Baldwin (o patrão) e Jessica Biel (a ex-namorada) também enriquece o filme de Crowe.
E apesar do diretor ter apostado todas as fichas no ator britânico Orlando Bloom (a quem esperou por algum tempo para estar disponível para o papel de Drew) quem brilha no filme é, definitivamente, Kirsten Dunst.
E, se ainda assim esse não é o melhor filme de Crowe, também não é somente a história de um "jovem com tendências suicidas que se apaixona por uma aeromoça", como sintetizam as sinopses de jornal. Sem contar que, existe sim, uma grande diferença entre falhar e ser um fiasco completo. E os 120 minutos de Tudo Acontece em Elizabethtown conseguem responder à questão que inicia a história.
Ficha Técnica
Tudo Acontece em Elizabethtown (Elizabethtown, 2005, 123 min)
Direção e roteiro: Cameron Crowe
Gênero: Comédia Romântica
Elenco: Orlando Bloom, Kirsten Dunst, Susan Saradon, Alec Baldwin, Bruce McGill, Judy Greer, Jessica Biel, Paul Schneider, Loudon Wainwright III, Gailard Sartain, Jed Rees ,Paula Deen, Dan Biggers, Alice Marie Crowe e Tom Devitt.